quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Rodada Doha foi um dos principais temas da reunião de Lula com presidente chinês

Agencia BRASIL

Pequim (China) - Depois do fracasso da reunião ministerial de Genebra da Rodada Doha, no final de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ir a campo na tentativa de destravar as negociações, que já duram sete anos. A atual rodada da Organização Mundial do Comércio foi um dos principais temas da reunião de Lula com o presidente da China, Hu Jintao, na manhã de hoje (27).

"O dado concreto é que se a gente não retomar isso e não fizer um acordo nos próximos meses, isso pode demorar mais quatro, cinco anos, e será um prejuízo enorme para os países", afirmou Lula a jornalistas após o encontro com o líder chinês. Lula contou que falou no domingo, por telefone, com o presidente norte-americano George W. Bush, e que amanhã pretende ligar para o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, na tentativa de costurar a retomada das negociações.

Na reunião de Genebra, o Brasil estava disposto a fechar acordo depois que a União Européia ofereceu uma cota para a entrada do etanol brasileiro e os Estados Unidos propuseram um teto de US$ 14,5 bilhões para os subsídios agrícolas - a menor oferta até agora, mas acima do apoio financeiro efetivamente dado aos agricultores nos últimos anos.

Em troca, os países desenvolvidos pediam a abertura dos mercados dos países em desenvolvimento, tanto para produtos industriais e serviços quanto para produtos agrícolas. A Índia não aceitou. Exigiu um mecanismo de proteção pois seus agricultores não teriam condições de competir com produtos importados. A China endureceu posição no que se refere à
proteção de setores industriais, especialmente.

O desgaste nas conversas entre Estados Unidos, Índia e China levou o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, a reconhecer o fracasso da reunião ministerial após nove dias de intensos debates. A reunião havia sido convocada por Lamy, na tentativa de alinhavar um acordo ainda antes das eleições presidenciais norte-americanas, marcadas para novembro.

"Estava quase tudo certo para ser concluído, até que houve o impasse na relação Estados Unidos e Índia. Pretendo conversar porque nós chegamos tão perto depois de sete anos de conversação", comentou o presidente. "Não é possível morrer na praia depois de nadar tanto. Eu creio que estamos muito próximo e eu estou otimista", afirmou.

Lula visitou hoje a Vila Olímpica, onde estão hospedados todos os atletas que participam dos Jogos de Pequim. Ele tirou fotos com as as nadadoras brasileiras Tatiane Sakemi e Juliana Cury, e anunciou que quer ser cabo eleitoral da campanha Rio 2016.